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Psicoterapia

 

Presencial e online

 

 

A psicoterapia é uma prática de cuidados que objetiva o fortalecimento e desenvolvimento das potencialidades do eu. Uma prática progressiva que vai dissolvendo lentamente, em contexto sensível de escuta/interpretação, acontecimentos traumáticos que obstaculizam a expressão da potência de realização e felicidade do indivíduo. É o gradual acesso aos conteúdos do inconsciente que a psicoterapia vai proporcionando, ampliando a capacidade de perceber as variadas possibilidades de lidar com problemas, que por vezes, se apresentam aparentemente sem saída — cronificados. Não é uma tarefa fácil, pois requer da pessoa a coragem necessária para ter acesso às partes profundas de seu próprio ser — seu verdadeiro self. Como sugere a perspectiva filosófica de Kierkegaard: é preciso querer-se a si mesmo, escolher existir, em vez de “surfar” sobre a vida e boiar à deriva. Essa prática conduz efetivamente para um melhor conhecimento de si e de suas escolhas, promovendo caminhos de metamorfose que levam a um relacionamento satisfatório do indivíduo consigo mesmo. Consideramos que um relacionamento saudável com o ambiente implica na conquista de um bom relacionamento do ser consigo mesmo, na capacidade da pessoa compreender seus próprios afetos, aceitá-los e saber direcioná-los positivamente na existência.
Uma imagem sugerida pelo filósofo Gilles Deleuze (2006), e que gosto muito, é a de pensar a relação terapêutica como a de duas pessoas que remam juntas construindo trilhas e caminhos que se descobrem. Um navegar capaz de construir novos sentidos no atravessamento das forças que compõem o caminho percorrido. Nessa linha, Guattari e Rolnik (2005) pensam em uma clínica cuja interpretação analítica se aproxima mais do sentido que a interpretação musical tem para um músico com sua música, em movimento de expressão capaz de captar as nuances de cada passagem sensível, acompanhar suas coordenadas e compassos de composição com o contexto que se desdobra por si mesmo. O importante é a articulação dos componentes de passagem ao situar os diversos sistemas de referência da pessoa com seu problema familiar, conjugal, profissional, estético etc. Os componentes de passagem, a meu ver, são as “notas/sons de passagem”, as linhas de transversalidade, possibilitando o movimento de novas modulações rítmicas, melódicas, harmônicas existenciais que promovam o fluxo da linha da vida — um novo ritmo. Modulações singulares, alternativas para viver criativamente, resistindo aos modelos de assujeitamento da experiência subjetiva.

 

 

Referências:

 

DELEUZE, G. A Ilha Deserta. São Paulo: Iluminuras, 2006.

 

GUATTARI, F; ROLNIK, S. Micropolítica. Cartografias do Desejo. Petrópolis: Vozes. 2005.

 

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